Caracterização e análise de impactos ambientais causados pelo espeleoturismo religioso na gruta da Nossa Senhora da Conceição da Lapa, em Ouro Preto - MG.

Abstract

Às atividades turísticas em cavernas dá-se o nome de espeleoturismo, que inevitavelmente desencadeia impactos ambientais negativos nesses ambientes. A Gruta da Nossa Senhora da Conceição da Lapa, em Ouro Preto - MG, é um exemplo de espeleoturismo religioso intenso. Assim, se faz necessária a discussão referente aos impactos ambientais negativos da gruta, uma vez que uma caverna tão importante, cultural e geomorfologicamente, e já tão antropizada, necessita de uma discussão profunda sobre planejamento e gestão a fim de controlar os impactos presentes. Tem-se como objetivo, identificar, qualificar e quantificar seus principais impactos ambientais negativos, bem como possíveis causas e efeitos, e propor estratégias de manejo. A metodologia se divide em duas etapas qualitativas e uma quantitativa, embasadas pelos métodos VIM (em português: “Gestão de Impacto de Visitantes”) e Leopold, com adaptações. Foram identificados oito impactos negativos, sendo os mais prejudiciais o toque excessivo e a compactação do pavimento, e os menos prejudiciais a presença de lixo e o excesso de vestígios de velas. Conclui-se que é compreensível que a cavidade esteja acometida por impactos negativos, mas levando em conta que o local está na categoria de Monumento Natural Municipal a cerca de cinco anos, é preciso que a gestão local funcione de forma bem mais efetiva, de modo que a visitação seja mais controlada e os impactos minimizados.

Espeleoturismo no Brasil: considerações sobre segurança, capacidade de carga, impacto e Educação Ambiental

“…No Brasil, com o crescente número de visitantes em cavernas, têm aumentado o número de trabalhos com foco nos impactos ambientais negativos do espeleoturismo, como os realizados em cavernas do Rio Grande do Norte (FERREIRA et al, 2010;ARAÚJO et al 2017;SILVA et al 2017) De maneira geral, os impactos ambientais relacionados ao turismo em cavernas consistem na compactação do solo; quebra e a interrupção do crescimento de espeleotemas pelo toque visitante; deterioração de sítios arqueológicos e paleontológicos; importação de microbiota e o crescimento de Lampenflora (organismos fotossintetizantes que crescem em locais com iluminação artificial) com a instalação de iluminação permanente; descarte de resíduos sólidos; alterações microclimáticas e das taxas de CO2; contaminação de corpos hídricos, a redução da fauna; pichações e supressão de vegetação do entorno das cavidades (DONATO; RIBEIRO, 2011;JOUSSET, 2012;ADETUTU et al 2012;TOMCZYK-ŻAK;ZIELENKIEWICZ, 2015;SILVA et al 2015;MUSADAD, 2016;XAVIER;RIBAS;BRAZ, 2017;BERCEA et al 2019;MACHADO, 2020;BALESTRA et al 2021;RACHID;GÜNGÖR, 2021).…”