As fosfolipases A2 pertencem a uma superfamília de proteínas com funções enzimáticas semelhantes, responsáveis pela hidrólise de fosfolipídeos e, assim, pela liberação de ácidos graxos e lisofosfolipídeos que participam de diversas atividades fisiológicas, como inflamação, ativação plaquetária, sinalização, proliferação e a migração celular. O presente trabalho teve como objetivo a caracterização bioquímica e funcional de uma fosfolipase A2 ácida isolada da peçonha de Bothrops alternatus, denominada BaG2P5. A proteína BaG2P5 foi purificada por meio de três passos cromatográficos em resinas de troca iônica (DEAE-Sephacel), exclusão molecular (Sephadex G75) e interação hidrofóbica (Phenyl-Sepharose). A espectrometria de massas foi utilizada para determinação do grau de pureza e da massa molecular de BaG2P5, que foi de aproximadamente 14 kDa. BaG2P5 apresentou uma potente atividade fosfolipásica tempo e dose-dependentes, avaliada pelo método de hemólise radial em gel, e foi capaz de causar lesão do tecido muscular e recrutar leucócitos quando injetada intramuscularmente em camundongos. Além da miotoxicidade, BaG2P5 apresentou toxicidade in vitro sobre culturas de células da linhagem tumoral HeLa, e também efeito inibitório tempo e dose-dependentes sobre a agregação plaquetária induzida por epinefrina.Por outro lado, BaG2P5 não foi capaz de induzir a formação de edema nem a hiperalgesia quando injetada na região intraplantar da pata de ratos. Esses resultados contribuem para os estudos sobre a composição das peçonhas de serpentes e para melhor compreensão do papel das fosfolipases A2 nos envenenamentos ofídicos. Além disso, a caracterização de toxinas com efeitos antiplaquetário e antitumoral é uma etapa importante para a descoberta de novas moléculas com potencial terapêutico.Palavras-chave: Peçonha de serpente. Bothrops alternatus. Agregação plaquetária. Fosfolipases A2.