Durante um cruzeiro oceanográfico, realizado em 2011, na região do Talude Sul do Brasil, foram contabilizadas 984 depressões, reconhecidas como pockmarks, distribuídas entre as isóbatas de 300 e 700 metros de profundidade. Um levantamento geofísico raso posterior, associado a dados de sísmica profunda, revelaram a associação dos pockmarks com diápiros de sal. Os dados geofísicos foram transformados para XYZ e, a partir deles, elaborados Modelos Digitais de Terreno. A partir dos registros sísmicos foram definidos locais de amostragem de sedimentos. Os sedimentos coletados foram submetidos a análises de Carbono Orgânico Total (%COT), Carbonato Biodetrítico (%CaCO3), razão isotópica de Carbono ( 13 CPDB), Granulometria, Teor de Metais e Datação por radiocarbono. Foram encontrados pockmarks de tamanhos e formas variados e diápiros com distintos graus de exposição e extensão. Os registros sísmicos revelam sedimentação plano-paralela, estabelecida antes da formação dos pockmarks, posteriormente deformada nas zonas de pockmarks e diapirismo. Observaram-se, ainda, feições associadas à exsudação e acúmulo de gás, além de zonas de fratura associadas ao diapirismo. Juntamente à forçante halocinética, esta porção do talude tem sua morfologia moldada pela interação das correntes de fundo dominantes com os pockmarks e diápiros. Um modelo geomorfológico foi proposto a fim de caracterizar os diferentes estágios evolutivos desta porção de talude. A deposição de finos e a preservação do carbono orgânico dentro das depressões mostram a baixa interação das correntes de fundo com as zonas mais internas dos pockmarks, dando a esse tipo de feição o status de armadilha de sedimento. As análises geoquímicas mostram uma componente terrígena nos sedimentos depositados dentro dos pockmarks localizados numa zona de sedimentação carbonática e de tamanho de grão mais grosso.