O objetivo do estudo foi compreender o significado do trabalho na percepção dos profissionais de saúde da Estratégia Saúde da Família. Trata-se de uma pesquisa crítico-analítica com os profissionais de saúde que atuam na Atenção Básica de Sobral, Ceará. A população do estudo foi constituída pelos médicos, enfermeiros, auxiliares de enfermagem, cirurgiões dentistas, auxiliares de saúde bucal e agentes comunitários de saúde vinculados à Estratégia Saúde da Família. Para a seleção dos sujeitos, buscou-se identificar, a partir da aplicação do Job Content Questionaire, os expostos ao adoecimento mental relacionado ao trabalho, no total de 433 profissionais. Em seguida, classificou-se esses participantes em grupos representativos da maior e menor propensão de desenvolver adoecimento, divididos pelas diferentes categorias profissionais. Desses grupos, sorteou-se onze trabalhadores para aplicação da entrevista aberta, utilizando-se o roteiro da Entrevista de Aprofundamento Clínico e Representação do Trabalho. As entrevistas foram analisadas pela técnica de análise de discurso e agrupadas em duas categorias analíticas: O papel do trabalho na constituição da identidade: (in)satisfação e realização profissional; e O significado do trabalho: a busca do prazer. Os resultados apontaram que o trabalho compareceu como constituinte da identidade e das experiências de vida, interferindo nas relações pessoais/afetivas, vivenciado paradoxalmente, ora destacado como fonte de prazer, satisfação e realização pessoal, ora caracterizado pela falta de reconhecimento, de valorização profissional, de sobrecarga de trabalho e de impotência diante das demandas dos usuários, que não só geram insatisfação, como também adoecimento.