Neste estudo analisamos a base social dos partidos autoritários e nacionalistas (AN) na União Europeia a partir de uma teoria que articula dimensões sociais e culturais. Pretende-se caracterizar e compreender este eleitorado, e explicar o seu crescimento, considerando a sua classe social, escolaridade, rendimento, orientações sociais, valores humanos e atitudes relativamente aos imigrantes, e observando trajetórias de desigualdades. Os dados são do European Social Survey e de informação contextual ao nível nacional sobre desigualdades económicas e escolares, e sobre mobilidade social. Observa-se que os votantes nos partidos AN são sobretudo operários e trabalhadores agrícolas, com escolaridade muito baixa e rendimento baixo. Caracterizam-se pela orientação social da heteronomia, uma disposição conformista paradigmática que combina conformidade com a desigualdade e conformidade com a hetero-determinação da própria posição social, aqui definida pela baixa importância atribuída aos valores humanos da igualdade e da criatividade. A heteronomia permite compreender um largo espectro de traços culturais desta população como a sua atitude excludente relativamente aos imigrantes. E verifica-se que a expansão deste eleitorado acompanha processos de crescimento da desigualdade, nomeadamente escolar, bem como de mobilidade descendente, e de exclusão social.