IntroduçãoA causa mais comum de acidente vascular cerebral (AVC) na infância é a anemia falciforme, o homozigoto da hemoglobina S ou Hb SS. A doença falciforme (Hb SS e interações com outras hemoglobinopatias e talassemias) é a principal enfermidade genética da população brasileira, com 13.500 pacientes catalogados em 2006, com prevalência populacional do gene S de 1/1.200 pessoas. 1 Manifesta-se com lesões em vários órgãos, causando elevada morbidade e mortalidade.Dentre essas lesões, a principal, na infância, é a das artérias cerebrais, mas após os 20 anos também pode se manifestar, como seqüela de lesões anteriores ou neoformadas. 2 A vasculopatia tem a maior importância no desenvolvimento da criança e na qualidade de vida. 3 Além do acidente vascular cerebral (AVC), completo ou incompleto ("silencioso"), existem outras complicações do sistema nervoso central, porém não exclusivas da doença falciforme, como convulsões, encefalopatia, hipertensão intracraniana, trauma, meningite, alterações mentais por distúrbios metabóli-cos e neuropatia periférica ou hipertensão intracraniana por oclusão venosa. 3 Com exceção do AVC, o diagnóstico da vasculopatia cerebral falciforme não pode ser feito clinicamente, necessitando auxílio neurorradiológico ou por outros meios. O tratamento se faz basicamente com transfusões de eritrócitos contendo hemoglobina A.O objetivo deste trabalho é rever a literatura médica, procurando selecionar a melhor conduta em diagnóstico e tratamento que seja possível empregar de imediato, para reduzir a morbidade e mortalidade da vasculopatia cerebral e elevar a qualidade de vida dos pacientes, principalmente na infância.