Introdução O encontro entre a ciência e a geografia compõe o cenário do texto que segue. De todas as atividades humanas, a ciência é ainda aquela menos tensionada pelo olhar da geografia, aqui tomada como o campo dedicado ao estudo dos princí-pios da organização espacial das atividades humanas 1 . Ainda que o conceito "contexto" se faça presente em várias linhas de investigação cientí-fica, no geral o espaço é pouco problematizado, quando não simplesmente tomado como um a priori, uma coisa em si. Quando entendido como "um conjunto indissociável de sistemas de objetos e sistemas de ações" 2 (p. 18), fixos e fluxos de processos materiais e de significação, o espaço encontra a ciência em várias perspectivas e angulações, dando forma a diferentes paisagens e topografias que iluminam o caráter múltiplo e heterogêneo dos processos de produção, circulação e incorporação do conhecimento. Se e como essa perspectiva pode auxiliar no entendimento e resolução dos desafios da saúde publica, é o que se propõe aqui discutir.Inúmeras metáforas, oriundas de diversas áreas disciplinares, dão conta de diferentes perspectivas da espacialidade da atividade científica: "geografia(s) do conhecimento", "geografia(s) da ciência", "espaço(s) do conhecimento", "lugares do conhecimento" 3 . Tal diversidade de concepções desagrada alguns especialistas, que pedem mais rigor nas categorias analíticas do espaço ARTIGO ARTICLE