RESUMO -O uso crônico da fenitoína ou intoxicação aguda por essa droga produzem lesão cerebelar permanente com atrofia do vermis e hemisférios cerebelares, que pode ser evidenciada através de exames de neuroimagem. O objetivo deste estudo foi avaliar a correlação entre a dosagem e o tempo de uso da fenitoína com a ocorrência de atrofia cerebelar. Foram realizados levantamento de prontuários para a obtenção de dados clínicos e análise de tomografias de crânio para avaliação de atrofia cerebelar. Dos 66 pacientes estudados, 18 apresentaram atrofia moderada a severa, 15 atrofia leve e 33 foram considerados normais. Os pacientes com atrofia cerebelar moderada a severa foram aqueles com maior exposição à fenitoína (uso prolongado e dose total), apresentando diferença estatisticamente significativa se comparados aos pacientes com atrofia leve ou sem atrofia (p=0.02). Além disso, no subgrupo de pacientes em uso de fenitoína, aqueles com atrofia moderada a severa possuíam níveis séricos de fenitoína significativamente mais elevados que os pacientes com atrofia leve ou sem atrofia (p=0.008). Não houve relação entre duração do tratamento e dose de outros anticonvulsivantes e presença e grau de atrofia cerebelar. Os pacientes mais velhos apresentaram maior grau de atrofia cerebelar, indicando que o fator idade ou tempo de epilepsia, ou ambos, pode ser importante na determinação de degeneração cerebelar. Concluímos que apesar da possibilidade de lesão cerebelar relacionada a crises epilépticas repetidas, a contribuição da fenitoína pode ser claramente estabelecida como um dos determinantes da atrofia cerebelar, sobretudo naqueles pacientes com altas doses por tempo prolongado e níveis séricos elevados. PALAVRAS-CHAVE: fenitoína, atrofia cerebelar, epilepsia.
Dose-related cerebellar atrophy in patients with epilepsy using phenytoinABSTRACT -The chronic treatment with phenytoin or the acute intoxication by this drug may cause permanent cerebellar injury with atrophy of cerebellum vermis and hemispheres, which can be detected by neuroimaging studies. The aim of the present study was to investigate the correlation between the dosage and duration of treatment with phenytoin and the occurrence of cerebellar atrophy. Sixty-six patients were studied and had their tomographies analyzed for cerebellar atrophy. Of the 66 patients studied, 18 had moderate/severe atrophy, 15 had mild atrophy and 33 were considered to be normal. The patients with moderate/severe atrophy were those with higher exposure to phenytoin (longer duration of treatment and higher total dosage) showing statistically significant difference when compared to patients with mild atrophy or without atrophy (p=0.02). Further, the patients with moderate/severe atrophy had serum levels of phenytoin statistically higher than those of patients with mild atrophy or without atrophy (p = 0.008). There was no association between other antiepileptic drugs dosage or duration of treatment and degree of cerebellar atrophy. We also found that older patients had cerebellar atrophy mor...