Movimentos como os de terraplanistas, agentes antivacinas e céticos das mudanças climáticas têm impulsionado a discussão sobre a legitimidade dos conhecimentos construídos na esfera científica. Allchin (2022) entende que esses movimentos constituem o que denomina como Crise da Desinformação Científica, que influenciaria, dentre outras práticas, a forma como a comunicação científica, e sobretudo o debate que ela promove no meio digital, se desenvolve. Neste artigo, temos como objetivo investigar a tensão no reconhecimento de comunicadores científicos como autoridades em relação aos temas que discutem em vídeos de divulgação científica no YouTube. Para tanto, partimos dos estudos argumentativos (Gonçalves-Segundo, 2020; 2023a; Grácio, 2010; Plantin, 2008), em especial, das categorias de esquemas argumentativos e de perguntas críticas (Walton; Reed; Macagno, 2008; Lewiński, 2022; Gonçalves-Segundo, 2023a), e dos estudos sobre autoridade (Allchin, 2022; Lewiński, 2022), e nos debruçamos sobre um corpus de comentários do YouTube acerca de um vídeo sobre a segurança das vacinas contra a Covid-19. Identificamos distintos modos de questionamento sobre a autoridade do comunicador científico enquanto um porta-voz da ciência, especialmente no que diz respeito às dimensões da credibilidade, da confiabilidade e da consistência.