A percepção de que as sementes apresentavam diferenças em seus teores de água quando desligadas da planta-mãe, e consequentemente, variações no período de manutenção da viabilidade retoma ao início da agricultura, quando povos ao redor do mundo passaram a ter que produzir alimento em decorrência do crescimento populacional, deixando de ser exclusivamente extrativistas. No entanto, somente na década de 70 do século XX é que tais sementes passaram a receber diferentes designações. Denominou-se sementes ortodoxas aquelas liberadas da planta-mãe com baixos teores de água, tolerando a dessecação, podendo assim, manter a viabilidade por períodos mais longos de armazenamento, e recalcitrantes aquelas liberadas da planta-mãe com altos teores de água, não suportando desidratações significativas, ou seja, tendo sua viabilidade abreviada com a redução do teor de água, restringindo o período de armazenamento. Na década de 80 criou-se a categoria das intermediárias, e na de 90 estabeleceu-se um gradiente entre as categorias ortodoxas e recalcitrantes. A partir de então, o número de pesquisas sobre o tema foi crescente, bem como a preocupação com a manutenção de germoplasma. No século 21, alguns especialistas da área consideraram que as sementes recalcitrantes poderiam ser simplismente chamadas de “sementes imaturas dispersas”, e que o ideal para ampliar o período de armazenamento, mantendo a viabilidade, seria que essas sementes pudessem completar a maturação enquanto ligadas à planta-mãe. Sem embargo, na atualidade, acredita-se que a única opção viável para a conservação a longo prazo de germoplasma de espécies produtoras de sementes recalcitrantes, além da conservação in situ, é a criopreservação, não de sementes intactas, mas de embriões e eixos embrionários excisados.