Referências bibliográficas 115
IntroduçãoO interesse pelo tema proposto busca entender o processo de inovação tecnológica dentro de um sistema econômico que é entendido como complexo. A opção por essa perspectiva tem como objetivo compreender o processo inovativo a partir de uma matriz teórica distinta daquela desenvolvida pela microeconomia tradicional, que, em virtude do seu caráter de construção estática, não é capaz de incorporar propriedades da inovação tecnológica e mudanças estruturais.Ao avaliar as principais premissas da teoria microeconômica tradicional, verifica -se que esta contém atributos que, de certa forma, comprometem o poder explicativo dos seus modelos, sobretudo aqueles que remetem à noção de equilíbrio geral. Grosso modo, esses modelos apresentam tanto um distanciamento da realidade por incorporar características imaginárias dos atores sociais e dos mercados enquanto instituições, como um modo mecânico de apreen der as interações sociais. Em particular, não são capazes de levar em consideração a dinâmica de fenômenos econômicos e a complexidade das interações e relações que se travam nessa esfera entre os agentes e entre estes e o ambiente. É em função desses aspectos que alguns críticos classificam a teoria neoclássica como reducionista e, dessa perspectiva, o todo consiste na mera composição das suas 8 CAROLINA MARCHIORI BEZERRA partes constituintes, sendo este um ponto importante a ser aclarado mais à frente.Uma das principais consequências desse reducionismo é a limitação da abordagem neoclássica tradicional em lidar com o processo de inovações tecnológicas, 1 fato que abriu espaço para o desenvolvimento de modelos de inspiração schumpeteriana. Na obra de Schumpeter, a inovação passa a ser enxergada como a principal responsável pela criação de diversidade e variedade no sistema, afastando o sistema das posições de equilíbrio. A inovação também é considerada a principal responsável pelo desenvolvimento econômico.Dando prosseguimento ao desenvolvimento dessas ideias, a partir da atualização e incorporação de novos elementos à concepção de Schumpeter, a abordagem neo -schumpeteriana, igualmente conhecida como evolucionária, apresenta -se como uma alternativa às deficiências imputadas à abordagem neoclássica tradicional, uma vez que permite compreender a inovação, isto é, a introdução de novidades, como uma mudança descontínua que altera as condições estruturais e afasta a economia das posições de equilíbrio. Cabe ressaltar que a abordagem neo -schumpeteriana está mais interessada em explicar as diferentes propriedades do processo inovativo e como as diferentes combinações dessas propriedades geram assimetrias entre os agentes.É nesse contexto que a teoria dos sistemas complexos, ao apresentar um arcabouço não reducionista da análise que tem uma perspectiva evolucionária e sistêmica, concebe a economia como um sistema adaptativo, complexo e que é capaz de auto--organização. Tornou -se, por isso, uma alternativa no campo da ciência econômica.Uma vez feitas essas considerações iniciais, o pres...