ResumoNo passado, a síndrome das pernas inquietas (SPI) foi conceitualizada como uma neurose de sensibilidade e uma ansiedade na tíbia. O objetivo do presente trabalho é demonstrar para os médicos, particularmente para os psiquiatras, que a SPI, hoje, é uma doença neuropsiquiátrica complexa e crônica, comum e tratável, com acometimento sensório-motor, alterações do sistema dopaminérgico e distúrbios da homeostasia do ferro cerebral. A sintomatologia é exclusivamente subjetiva e pode ser crônico-persistente ou intermitente. Há uma urgência para mover as pernas, acompanhada de disestesia nas mesmas, que piora com repouso ou inatividade, sendo aliviada pelo movimento. O diagnóstico é exclusivamente clínico. Algumas medicações precisam ser reduzidas ou descontinuadas porque podem piorar a SPI: alguns antidepressivos (particularmente inibidores seletivos da recaptação da serotonina, inibidores da recaptação da serotonina e noradrenalina e mirtazapina), neurolépticos, antieméticos, anti-histamínicos e outros. É relevante observar que não há piora com o antidepressivo bupropiona. O tratamento não farmacológico inclui higiene do sono e atividades físicas. As drogas utilizadas no tratamento pertencem a quatro grupos: dopaminérgicos (agonistas diretos e precursores de dopamina); α 2 δ-ligantes; benzodiazepínicos; e opioides. A aumentação é a principal complicação no tratamento de longo prazo: início mais cedo dos sintomas ao longo
A RELEVÂNCIA DA SÍNDROME DAS PERNAS INQUIETAS (DOENÇA DE WILLIS-EKBOM) PARA A PRÁTICA CLÍNICA DIÁRIA COM PACIENTES COM TRANSTORNOS PSIQUIÁTRICOS RELEVANCE OF THE RESTLESS LEGS SYNDROME (WILLIS-EKBOM DISEASE) FOR DAILY CLINICAL PRACTICE WITH PATIENTS WITH PSYCHIATRIC DISORDERSdo dia; início mais rápido com o repouso; expansão dos sintomas para os membros superiores e o tronco; e encurtamento do efeito dos tratamentos. Supõe-se que a superestimulação dopaminérgica seja a causa da aumentação.Palavras-chave: Síndrome das pernas inquietas, doença de Willis-Ekbom, transtorno do sono, movimentos periódicos dos membros, metabolismo do ferro cerebral, dopamina.
AbstractIn the past, the restless legs syndrome (RLS) was conceptualized as a sensitivity neurosis and tibial anxiety. The objective of the present study is to demonstrate, to physicians in general and psychiatrists in particular, that today, RLS is a complex and chronic, common and treatable, neuropsychiatric disorder with sensorimotor involvement, alterations of the dopaminergic system, and brain iron homeostasis disorders. Symptoms are exclusively subjective and can be chronic-persistent or intermittent. There is an urge to move the legs, accompanied by limb dysesthesias, which worsens with rest or inactivity and improves with movement. Diagnosis is exclusively clinical. Some medications have to be reduced or discontinued because they may worsen RLS, e.g., some antidepressants (particularly selective serotonin reuptake inhibitors, serotonin and noradrenalin reuptake inhibitors, and mirtazapine), neuroleptics, antiemetics, antihistamines, http:/...