Resumo Introdução: O Brasil possui o maior sistema público e universal de saúde do mundo, mas pouco se sabe sobre os desfechos dos pacientes em hemodiálise (HD) no país de acordo com a fonte de financiamento do tratamento. Objetivo: Comparar o perfil e a sobrevida dos pacientes que têm o tratamento de HD custeado pelo Sistema Único de Saúde (SUS) com aqueles com convênio privado. Métodos: Análise retrospectiva dos adultos incidentes em HD entre 2012 e 2017 em 21 centros de diálise no Brasil que atendiam tanto pelo SUS quanto por convênios privados. Os participantes, independentemente da fonte pagadora, receberam tratamento dialítico semelhante. Os dados foram censurados com 60 meses de acompanhamento ou ao final de 2019. Resultados: Foram incluídos 4945 pacientes, sendo 59,7% financiados pelo SUS. Os pacientes financiados pelo SUS, em comparação aos que tinham convênio privado, eram mais jovens (58 vs 60 anos; p < 0,0001) e com menor prevalência de diabetes (35,8% vs 40,9%; p < 0,0001). As taxas de sobrevida, em 60 meses nesses grupos foram de 51,1% e 52,1%, respectivamente (p = 0,85). Na análise da razão de risco proporcional de subdistribuição pelo modelo de Fine-Gray, incluindo ajuste para desfechos concorrentes, foi encontrado um aumento significativo na razão de risco para morte (1,22 [intervalo de confiança de 95% 1,04 a 1,43]) nos pacientes com tratamento custeado pelo SUS. Conclusões: Pacientes em HD com tratamento custeado pelo SUS têm um risco ajustado de morte mais elevado do que aqueles com convênio privado, apesar do tratamento dialítico semelhante. Fatores não relacionados diretamente à terapia dialítica poderiam justificar esta diferença.