*Correspondência:Rua Maria Angélica 46 apto 402 -Lagoa Rio de Janeiro -RJ CEP 22470-200 mrodacki@hucff.ufrj.br RESUMO OBJETIVO. A dosagem de peptídeo C (PC) pode ser útil para a classificação do Diabetes mellitus (DM). O objetivo deste estudo foi investigar a associação entre o diagnóstico clínico de DM tipo 1 e os níveis séricos de PC randômico. MÉTODOS. Foi feita dosagem de PC ao acaso em pacientes de origem multiétnica com diagnóstico clínico de DM tipo 1 na idade adulta ( ≥ 18 anos). RESULTADOS. Estudamos 51 pacientes, sendo 28 mulheres (54,9%) e 23 homens (45,1%), 36 brancos (70,6%) e 15 não-brancos (29,4%) com idade média ao diagnóstico de 27,9 (±7,5) anos e duração média da doença de 9,9 (±7,2) anos. Oito pacientes (15,7%) apresentaram PC ≥ 1,5 ng/ml indicativo de função pancreática preservada. Neste grupo, foi detectado índice de massa corporal mais elevado (26,05 vs 23,05 kg/m 2 ; p=0,006) e maior proporção de não-brancos (62,5% vs 23,3%; p=0,039) do que naqueles com PC baixo. CONCLUSÃO. A maioria dos pacientes com diagnóstico clínico de DM tipo 1 apresenta PC baixo. Entretanto, a secreção pancreática de insulina parece preservada em uma quantidade significativa de pacientes com quadro clínico indicativo de DM tipo 1. É possível que estes pacientes apresentem alguma forma atípica de DM, ainda não completamente compreendida, com características de DM tipo 1 e tipo 2 superpostas.UNITERMOS: Diabetes mellitus. Peptídeo C. Testes de função pancreática.
DOSAGEM DO PEPTÍDEO C SÉRICO AO ACASO EM ADULTOS COM DIAGNÓSTICO CLÍNICO DE DIABETES MELLITUS
INTRODUÇÃOA classificação do Diabetes mellitus (DM) geralmente pode ser feita com base no quadro clínico. Pacientes com início abrupto dos sinais e sintomas e descompensação metabólica pronunciada necessitando de insulinoterapia desde o início do tratamento geralmente são incluídos na categoria DM tipo 1 clássico. Apesar destes pacientes serem em sua maioria crianças, adolescentes ou adultos jovens, o diagnóstico pode ser estabelecido em qualquer idade. Em algumas situações, especialmente em adultos, a classificação correta do tipo de DM pode ser um pouco mais complicada, necessitando de investigação complementar, com dosagem de auto-anticorpos associados a antígenos pancreáticos e avaliação da capacidade de secreção de insulina das células β das ilhotas pancreáticas 1,2,3 . A avaliação da secreção de insulina para este fim parte do princípio de que pacientes com DM tipo 1 apresentam insulinopenia absoluta pronunciada com perda da função secretória e pacientes com DM tipo 2 apresentam secreção de insulina normal ou elevada, porém insuficiente para suprir a demanda exacerbada pela resistência insulínica 4,5 . A dosagem da insulina plasmática propriamente dita nestes casos tem utilidade limitada, pois a insulina apresenta uma meia-vida curta (Quatro minutos), extração hepática variável pelo fenômeno de primeira passagem (40%-60%) e clearance intra e interindividual bastante variável. Dessa forma, a insulinemia plasmática geralmente não reflete de forma fidedigna a capa...