This work presents an updated review of scientific studies involving the fauna of freshwater sponges in South America, especially of studies conducted in Brazil. A study was conducted of the scientific production regarding the occurrence and distribution of freshwater sponges, and of the use of their siliceous spicules, preserved in sedimentary deposits, as proxy for paleoenvironmental reconstruction studies. The studies are relatively more developed in the South-Central and North of the country. However, it is evident that there is a need for more comprehensive and intensive studies of the description of current species and their identification in sedimentary sequences.
IntroduçãoAs esponjas são animais exclusivamente aquá-ticos (marinhos e/ou dulciaquícolas) membros do filo Porifera. São metazoários, de vida bentônica séssil, que vivem aderidos a substratos rochosos ou mesmo sobre restos de vegetação submersa, incrustando raízes de macrófitas, galhos ou troncos de árvores em regiões que sofrem inundações sazonais, como nas várzeas dos grandes rios amazônicos (Volkmer-Ribeiro 1999, Volkmer-Ribeiro e Pauls 2000). Uma característica fundamental comum a todas as esponjas é sua função filtradora, atuando no meio aquático como verdadeiras bombas aspirante-prementes, uma vez que a água do ambiente é absorvida pelos poros, filtrada nas câmaras coanocitárias e expelida novamente para o meio aquático através dos ósculos, orifícios de saída de água (Volkmer-Ribeiro e Parolin 2010). O esqueleto das esponjas é constituído por espículas (silicosas ou carbonáticas) que ao entrelaçarem-se formam uma trama complexa que dá sustentação ao corpo principal e proporciona uma estrutura de sustentação para as células vivas do animal.Este trabalho atualiza o estado da arte das principais pesquisas sobre o registro e ocorrência de esponjas de água doce na América do Sul, com destaque para o Brasil, assim como da sua utilização como dado proxy em estudos de reconstrução paleoambiental, através das espículas presentes em colunas de sedimentos, sendo observadas majoritariamente em depósitos lacustres do Quaternário.Até a primeira metade do século XX, os levantamentos e descrições da fauna de esponjas continentais brasileiras eram escassos e incipientes, atingindo maior notoriedade e repercussão no meio científico a partir da década de 1960, incluindo as pesquisas operadas por um considerável número de especialistas dedicados ao estudo e compreensão dessas comunidades bênticas. Por sua vez, a produção científica relativa à utilização de espículas de esponjas continentais como indicadoras de condições paleoambientais, adquiriu maior regularidade na segunda metade do século XX, com a intensificação das investigações no início do século XXI, destacando-se as abordagens principalmente na região Centro-Sul e Norte do Brasil.