A violência sexual infantil reveste-se de singular importância em virtude das consequências para o crescimento e desenvolvimento da criança e do adolescente, além da possibilidade de construção da matriz de reprodução da violência para gerações futuras, a partir da aprendizagem quanto às atitudes violentas. O objetivo do estudo foi analisar o reconhecimento e o manejo clínico das crianças e adolescentes vítimas de violência sexual (VS) na Atenção Primária à Saúde (APS). A metodologia empregada foi a revisão integrativa da literatura, tendo a busca sido efetuada na Scientific Electronic Library Online (SciELO) e na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS). Utilizaram-se os descritores, em português e inglês, devidamente indexados conforme os Descritores em Ciências da Saúde: abuso sexual na infância; atenção primária à saúde; childhood sexual abuse; primary health care. Os critérios de inclusão foram: (1) artigos originais; (2) artigos de revisão; (3) artigos redigidos em língua portuguesa ou inglesa; (4) e que disponibilizavam o resumo nas bases de dados. A busca inicial resultou em 123 estudos. Excluídos os que não preencheram os critérios, os que não respondiam à pergunta da pesquisa e as duplicidades, resultaram oito artigos. Poucos estudos clínicos foram encontrados quando comparados aos ensaios teóricos e às revisões de literatura. Os achados recomendam a obtenção de uma história clínica, realização de exame físico e aquisição de exames laboratoriais apropriados. Além disso, são essenciais: determinar a necessidade de reportar a suspeita do abuso; avaliar as consequências físicas, emocionais e comportamentais do VS; fornecer informação aos pais sobre como apoiar seus filhos; e, dependendo de cada caso, encaminhar os pacientes a outros profissionais. Constata-se, portanto, a importância dos médicos e profissionais de saúde familiarizar-se com o tema, podendo, assim, reconhecer precocemente os casos suspeitos e, então realizar o acompanhamento longitudinal das vítimas de abuso sexual infantil.