Introdução: Os maus-tratos na infância representam uma grave violação dos direitos humanos, com repercussões que podem perdurar ao longo da vida das vítimas. Entre essas repercussões, destaca-se o potencial impacto no desenvolvimento cognitivo, especialmente em fases críticas como a velhice. Objetivo: Avaliar a influência da ocorrência e das características de maus-tratos na infância no desenvolvimento e manifestação clínica de transtornos cognitivos em idosos cadastrados na Estratégia Saúde da Família (ESF). Método: Foi realizado um estudo descritivo, transversal, de base populacional, com coleta prospectiva, cujo a população alvo do estudo incluiu indivíduos com idade igual ou superior a 60 anos, cadastrados no Programa de Envelhecimento Cerebral (PENCE) da ESF do município de Porto Alegre. Resultados: Este programa englobou todos os profissionais que fazem parte das equipes da Estratégia Saúde da Família (ESF) da Gerência Distrital (GD) Lomba do Pinheiro/Partenon e da região Leste da GD Leste/Nordeste, dentro da área de responsabilidade do Hospital São Lucas da PUCRS, contando com a participação de 274 indivíduos como amostra. Conclusão: concluiu-se que a ocorrência de maus tratos na infância está, de fato, associada a um decréscimo cognitivo ligeiramente acentuado na fase senil, comprovando esta relação. Mais estudos mostram-se necessários para que se possa, de fato, encontrar-se mais evidências desta relação e dos principais fatores envolvidos na promoção do declínio cognitivo desde a infância até a fase senil.