IntroduçãoA epidemiologia psiquiátrica na infância é um campo relativamente novo e a pesquisa nessa área vem crescendo nas últi-mas três décadas. Apesar disso, há ainda muitas questões metodológicas que permanecem indefinidas. O presente artigo discutirá o significado e a função de estudos realizados nessa área, salientando os resultados mais relevantes e as principais dificuldades metodológicas encontradas. Novos instrumentos de avaliação psicopatológica na infância serão apresentados. As peculiaridades metodológicas de levantamentos epidemiológicos realizados em países em desenvolvimento serão discutidas à luz de um estudo realizado no Brasil. A partir dos achados desse estudo, que desafiaram algumas hipóteses iniciais, serão apresentadas alternativas metodológicas para a identificação de sujeitos e a composição de amostra representativa da população de crianças e adolescentes da região Sudeste do Brasil.
Epidemiologia na área de psiquiatria da infância e da adolescência
O que significa?A epidemiologia investiga as taxas de transtornos mentais na infância em amostras representativas da população geral. Investiga também os fatores associados à manifestação desses transtornos como, por exemplo, os fatores de risco e os fatores de proteção. Dentre os fatores de risco mais investigados, associados a maior incidência de transtornos mentais em crianças e adolescentes, estão os transtornos mentais e o baixo grau de instrução do cuidador. Os fatores protetores investigados são aqueles estatisticamente associados a menor incidência de transtornos mentais em jovens.
Para que serve?Através de estudos epidemiológicos, podemos apresentar evidências aos governos, ressaltando a importância da alocação de verbas para a área de saúde mental infantil. Esses estudos evidenciam que: (1) os problemas de saúde mental na infância e na adolescência são comuns e prejudicam o rendimento escolar e o relacionamento social das crianças e adolescentes; (2) os problemas de saúde mental tendem a persistir ao longo dos anos; (3) a maioria das crianças com esses problemas não recebem tratamento adequado; (4) os transtornos não tratados favorecem a ocorrência de eventos graves na vida adulta, como problemas de saúde mental, criminalidade, abuso de álcool e drogas, desemprego prolongado e dificuldades na educação dos filhos. Conhecer as taxas de transtornos mentais na população auxilia no planejamento dos serviços de saúde oferecidos à comunidade. A identificação dos fatores de risco ou de proteção associados aos principais transtornos pode servir de base para a indicação de tratamentos e para o desenvolvimento de programas de prevenção.
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Quais as dificuldades para a realização de pesquisa nessa área?A pesquisa em epidemiologia apresenta diversas dificuldades metodológicas. Essas podem ser ilustradas, por exemplo, pela grande variação nas taxas de prevalência dos transtornos psiquiátricos observados na infância e adolescência (5% a 50%), segundo diferentes estudos realizado...