Ciência Política como vocação: profissionalização de doutores em Ciência Política no Brasil, 1996-2014

Abstract

O problema que orienta este texto consiste em analisar se a expansão da Ciência Política no Brasil – sob a forma de instituições acadêmicas, associações científicas, produção intelectual e formação de novas gerações de pesquisadores – foi acompanhada pela absorção dos novos doutores formados nessas instituições, no mercado profissional. Para isso, concentra o seu foco na observação sobre os doutores em Ciência Política e Relações Internacionais, titulados pelas instituições de pós-graduação nacionais entre 1996 e 2014. Busca-se analisar as oportunidades de profissionalização após a conclusão do doutorado, considerando emprego, renda, setores de atividade profissional e circulação geográfica entre mestrado/doutorado/ emprego.

Muita tinta, pouco resultado. A Ciência Política consegue responder quem ganha o quê, quando e como?

“…Para tentar distinguir com maior precisão os doutores empregados em atividades de "educação", foram pesquisadas as nominatas relativas ao corpo docente dos 43 Programas de Pós-Graduação em funcionamento na Área de Ciência Política e Relações Internacionais, durante a Avaliação Quadrienal 2017 e disponibilizadas na Plataforma Sucupira. Identificando a Instituição responsável pela formação doutoral de cada um dos 480 docentes, pode-se chegar ao número de 240 docentes credenciados em Programas de Pós-Graduação em Ciência Política formados em cursos de doutorado de Programas nacionais de Pós-Graduação em Ciência Política, e outros 24, titulados em doutorados de Relações Internacionais (MARENCO, 2019). Este dado permite distinguir, de modo mais claro, a inserção profissional de doutores exercendo atividade profissional: para um total de 464 doutores empregados, conforme o CGEE, se a proporção correspondente a 77,8% estava na educação, 56,9% eram vinculados a Programas de Pós-Graduação em Ciência Política e Relações Internacionais credenciados pela Capes.…”

A Agenda De Pesquisa Da Sociologia Brasileira Do Início Do Milênio

“…Dessa perspectiva, caberia aos(às) estudiosos(as) do tema avaliar o grau de compromisso público dos(as) cientistas sociais locais e os impactos de tal compromisso no tipo de pesquisa realizada (Villas Bôas, 2007;Vianna et al, 1998;Melo, 1999). O segundo gênero de inquietação, que cresce em importância a partir dos anos 2000, assume como premissa a autonomia do campo acadêmico das ciências sociais e se debruça mais sobre seu crescimento e regulação estatal, bem como os efeitos desses processos na agenda de pesquisa das disciplinas (Leite, 2015;Leite & Codato, 2013;Maia, 2016;Simões, 2018;Marenco, 2016).…”

“…Sob os auspícios da ABCP, André Marenco também analisou a agenda de pesquisa da ciência política através de sua produção em artigos acadêmicos, focando, porém, apenas em uma das publicações mais antigas da disciplina, a revista Dados (Marenco, 2016). No mesmo livro, organizado por Avritzer, Milani e Braga (2016), diversos outros capítulos utilizam técnicas de bibliometria para examinar a evolução de subáreas de pesquisa, em geral categorizadas manualmente.…”

The Research Agenda of Brazilian Sociology at the Beginning of the Millennium

“…From this perspective, it is the responsibility of scholars to assess the degree of public commitment of local social scientists and the impacts of such commitment on the type of research conducted (Villas Bôas, 2007;Vianna et al, 1998;Melo, 1999). The second type of concern, which has gained importance since the 2000s, assumes the autonomy of the academic field of social sciences as a premise, and focuses on its growth and state regulation, as well as on the effects of these processes on the disciplines' research agenda (Leite, 2015;Leite & Codato, 2013;Maia, 2016;Simões, 2018;Marenco, 2016).…”

“…Under the auspices of the ABCP, André Marenco also analyzed the research agenda of political science through its production in academic articles, however, he focused only on one of the oldest publications in the discipline, the journal Dados (Marenco, 2016). In the same book, organized by Avritzer, Milani, and Braga (2016), several other chapters use bibliometric techniques to examine the evolution of research subfields, usually categorized manually.…”