O trauma raquimedular (TRM) é uma agressão à medula espinhal que pode acarretar prejuízosneurológicos graves, desde alterações das funções motora, sensitiva e autônoma atésíndromes incapacitantes. Trata-se de estudo quantitativo, retrospectivo e descritivo queobjetivou levantar o perfil epidemiológico do traumatismo raquimedular no âmbito daSecretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal nos últimos 3 anos, das vítimas que foramencaminhadas ao Hospital da Região Leste (HRL), referência em lesões da coluna vertebral, afim de promover uma avaliação minuciosa a partir de fonte secundária de dados (prontuárioeletrônico), analisando a distribuição e os determinantes das lesões medulares traumáticas epossibilitar posteriores proposições de estratégias de prevenção para reduzir a incidência doTRM no DF. Observou-se que 83,33% dos pacientes pertenciam ao gênero masculino, commédia de idade de 40,29 anos. A etiologia mais frequente foi acidente automobilístico, comfaixa etária de maior ocorrência de 36 a 45 anos, representando 47,5% do total, dos quais45,61% envolveram motocicletas. Queda de altura ficou em segundo lugar, com 30,83% efaixa etária de maior acometimento entre 56 e 65 anos, sendo que a totalidade de TRMsdecorrentes de tentativa de autoextermínio se enquadram nesta etiologia e representam3,33% do total das lesões raquimedulares estudadas. As 5 cidades do DF que abrigam quase50% da situação de pobreza extrema contaram com 41,58% dos TRMs. Dos 120 prontuários,39 apresentavam relato de atendimento pré-hospitalar por equipe profissional. Para as lesõesem si, foi encontrada predominância de nível radiológico em coluna torácica (44,16%), seguidapor cervical (31,5%) e lombar (18,34%). A classificação ASIA mais prevalente nos casosestudados foi A (55%), com C, D e B ordinalmente com aproximadamente 15% cada. Otratamento majoritariamente de escolha foi a artrodese, totalizando 83,49% dos casos. Ascomplicações mais frequentemente associadas ao TRM foram úlcera por pressão, pneumonia,atelectasia, infecção de trato urinário e espasticidade. A média de internação foi de 42,56 diasem enfermaria, e 66,66% dos pacientes necessitaram internação em UTI. 6,67% dos pacientesevoluíram para óbito. Os custos totais com o tratamento do TRM para a SES-DF durante os 3anos foi de aproximadamente R$3.140.736,51, com custo médio por paciente de R$8.078,01.Este estudo possibilitará planejamento de políticas públicas relacionadas ao traumaraquimedular no Distrito Federal, visto que os dados demonstram ambientes e público demaior necessidade de atuação para prevenção primária e secundária, além de permitir amelhor abordagem de acordo com as características epidemiológicas das lesões e melhoralocação de recursos voltados ao seu tratamento.