Foram estudados 417 casos de ferimentos craniencefálicos por projétil de arma de fogo ocorridos em população civil, com o objetivo de determinar os fatores que influenciam a mortalidade. Foram selecionados pacientes com ferimento único, que chegaram com vida ao hospital em um período de até seis horas após o trauma e que evoluíram para o óbito após a internação ou permaneceram internados por pelo menos 48 horas. A mortalidade global foi de 63,1% – 263 casos que foram analisados separadamente. Constatou-se que mortalidade não foi influenciada, significativamente, por variáveis como idade ou sexo do paciente, causa da ocorrência, calibre do projétil, local de entrada no crânio, presença de hematoma intracraniano ou pelo tratamento instituído. Foram considerados como fatores prognósticos significativos o estado neurológico do paciente, quando de sua internação, e a trajetória do projétil – morreram 93,2% dos pacientes comatosos com ECG < 6 e 91,4% entre os que apresentaram ferimentos em que o projétil cruzou tanto o plano coronal como o sagital. Por outro lado, apenas 1,9% dos pacientes acordados sem sinais neurológicos focais e 3,8% entre os que o projétil não atravessou nenhum dos planos evoluíram para óbito. Levando-se em consideração que o prognóstico quanto à mortalidade é considerado um dos critérios mais importantes a influir sobre a decisão cirúrgica, concluiu-se que pacientes em coma profundo, com lesões bi-hemisféricas e de vários lobos cerebrais, apresentam muito mau prognóstico, com elevada taxa de mortalidade e que, provavelmente, devam ser considerados como fora de possibilidades terapêuticas.