RESUMO -Racional -A doença celíaca é afecção inflamatória do intestino delgado associada à intolerância permanente ao glúten, que ocorre em indivíduos geneticamente susceptíveis. Objetivo -Conhecer as características clínicas e epidemiológicas dessa doença em nosso meio. Método -Tratou-se de estudo descritivo transversal com amostra não-probabilística selecionada entre os membros da Associação dos Celíacos do Brasil -Regional de Santa Catarina, aos quais foi enviado questionário abrangendo diversos aspectos da doença.
INTRODUÇÃOA doença celíaca é uma afecção inflamatória do intestino delgado associada à intolerância permanente ao glúten, que ocorre em indivíduos geneticamente susceptíveis (24) . No passado era tida como rara; entretanto, recentes estudos populacionais têm demonstrado prevalência entre 1/120 e 1/300 na população geral, tanto européia quanto norte-americana (12) . No Brasil, estudos recentes entre doadores de sangue demonstraram prevalência de 1/681 (16) , 1/273 (31) e até 1/214 (35) , sugerindo que esta também não é doença rara em nosso país.Com o objetivo de conhecer melhor as características dessa doença, ainda pouco estudada em nosso meio, desenvolveu-se um projeto de pesquisa visando caracterizar o perfil clínico e epidemiológico dos membros da Associação de Celíacos do Brasil -Regional de Santa Catarina (ACELBRA-SC).
LITERATURAA doença celíaca é causada por uma resposta imunológica inapropriada, geneticamente determinada, contra antígenos presentes no glúten do trigo e proteínas similares da cevada e do centeio (33) . Afeta, principalmente, as porções proximais do intestino delgado, podendo, nos casos mais graves, estenderse até o íleo e o cólon (10) . Os achados anatomopatológicos típicos caracterizam-se por uma mucosa intestinal plana, com vilosidades atrofiadas ou ausentes, hiperplasia de criptas e aumento do número de linfócitos intra-epiteliais (34) . Devido à existência de ampla gama de variações na intensidade, tanto das manifestações clínicas quanto das alterações histopatológicas, em 1997, MÄKI e COLLIN (29) criaram o conceito de iceberg da doença celíaca. Sua teoria explicaria por que elevadas taxas de prevalência estimada com base em testes sorológicos vêm sendo encontradas em populações predominantemente assintomáticas, como doadores de sangue (16) .