“…Com o fortalecimento de discursos conservadores e do questionamento e rejeição das bases, dos dados, dos resultados e dos modos de saber e de fazer ciência institucionalizada -fenômeno tipicamente denominado como negacionismo (Hoofnagle;Hoofnagle, 2007;Lima, 2020;Oliveira, 2021) -, podemos identificar a emergência de práticas de divulgação científica em plataformas digitais que se voltam justamente a esse cenário avaliado como problemático, visando mitigar os efeitos negativos desse fenômeno no que se refere a temas que foram politizados na arena pública, tais como a segurança das vacinas contra Covid-19, as mudanças climáticas, as teorias de gênero, entre outros. Com isso, divulgadores científicos acabam tendo de lidar com muitas vozes discordantes sobre essas temáticas, autorizadas de formas variadas, por distintos grupos e em diversas ecologias midiáticas (Gomes;Dourado, 2019;da Silva;Isola-Lanzoni;Gonçalves-Segundo, 2021). Em outros termos, essas vozes concorrentes orientar-se-iam à legitimação de dados posicionamentos no âmbito dessas temáticas, gerando controvérsias politicamente interessadas, de modo que divulgadores da ciência precisariam combinar explicação -típica da DC -e argumentação para sustentar aquilo que seria plausível do ponto de vista da ciência institucionalizada.…”