Esta pesquisa propõe-se a investigar o papel das representações, abrangendo principalmente as fotografias, relativas ao povo Kamaiurá do Alto Xingu, na construção de imagens, imagerias e imaginários que sustentam entendimentos a respeito de sua própria identidade e de suas arquiteturas. Sabe-se que as representações são importantes ferramentas para o entendimento da maneira de construir de um povo, compreensão das técnicas, materiais e modos de fazer, além do conhecimento de uma outra cultura e registros de memória. Seu estudo abre um caminho possível para a formação de uma perspectiva crítica em arquitetura, que busca desmistificar uma abordagem bibliográfica e cultural frequente que uniformiza os povos indígenas e suas habitações, constituindo, em contraposição, uma forma de valorizar esses saberes e difundi-los. As fontes iconográficas para a presente pesquisa consistem em gravuras e fotografias produzidas desde o final do século XIX (1884) até a década de 1990. Para a realização dessa pesquisa foi feito o mapeamento extensivo de fontes bibliográficas e imagéticas, em arquivos de instituições públicas e privadas, não somente na área da arquitetura, mas também na área antropológica. Os resultados são apresentados por meio da criação e experimentação de imagens interpretativas e analíticas, tais como desenhos e montagens de "constelações de imagens", a partir das proposições feitas pelo historiador da arte Aby Warburg por meio do Atlas Mnemosyne, e Gilbert Durand. Espera-se que o trabalho possa contribuir para um novo olhar, mais sistemático, fundamentado cientificamente, em relação à arquitetura dos povos indígenas.