Artigo Original/Original Article Resumo Objetivo: Avaliar o impacto da capacitação dos profissionais do SUS envolvidos na coleta de amostras cervicovaginais para rastreamento de lesões precursoras do câncer de colo uterino no município de Videira (SC). Métodos: Estudo de intervenção cujas variáveis estudadas foram: adequabilidade da amostra, epitélios representados e resultado do exame citopatológico. A avaliação da qualificação dos profissionais baseou-se na comparação dos formulários referentes ao período de dezembro de 2015 a junho de 2016, antes da capacitação, com os formulários de junho de 2016 a janeiro de 2017, após a capacitação. Avaliou-se o resultado utilizando-se o teste do χ 2 de Pearson, com nível de significância de 5%. Resultados: Após a capacitação, houve aumento de amostras satisfatórias, de 97,81% para 99,0%. Observou-se insatisfatoriedade nas amostras coletadas antes e após a capacitação, correspondendo a 2,18% e 1,0%, respectivamente (p<0,0001). Houve índice maior de espécimes com representatividade somente de células escamosas antes da qualificação-44,6 %. Verificou-se aumento da frequência de representação de células endocervicais, 55,39% para 85,03% (p<0,0001). Quanto aos resultados negativos para lesão intraepitelial e/ou malignidade, os percentuais obtidos foram 97,02% e 93,38%, antes e depois da capacitação, respectivamente. Foram constatados 2,41% e 5,14% (p<0,0001) de lesões menos graves, em comparação às lesões mais graves, correspondendo a 0,55% e 1,46% (p=0,0182), nas amostras obtidas antes e após a qualificação, respectivamente. Conclusão: Após a capacitação, houve melhora na adequabilidade da amostra, representação dos epitélios e resultado do exame. Logo, é imprescindível a capacitação dos profissionais coletores do exame citopatológico, proporcionando maior confiabilidade nos resultados. Palavras-chave Colo do útero; Capacitação profissional; Neoplasias; Sistema Único de Saúde INTRODUÇÃO O exame citopatológico foi desenvolvido pelo Dr. George Papanicolaou. Após vários estudos, esse teste passou a ser utilizado, ainda na década de 1940, como uma ferramenta valiosa para o diagnóstico precoce do câncer de colo do útero (CCU), por se tratar de um procedimento com alta precisão, custo reduzido e simples execução. (1) No Brasil, o câncer do colo do útero corresponde à terceira neoplasia de maior incidência entre as mulheres. (2)