Este trabalho teve como objetivo a elaboração e apresentação de metodologias para um maior rigor no processo de compatibilização de época e de referencial de coordenadas estimadas pelo GNSS (Global Navigation Satellite System). Englobando a determinação de velocidades de estações GNSS, a obtenção de modelo de velocidade para placa Sul-Americana (Brasil) e a avaliação do efeito da propagação das incertezas no processo de mudança de referencial bem como a atualização de coordenadas - precisão final das coordenadas estimadas. Inicialmente é proposta uma metodologia para determinação de velocidades de estações GNSS considerando tendência, sazonalidade e ruídos em séries temporais de coordenadas, pós-processadas no serviço online IBGE-PPP (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - Precise Point Positioning). O método foi aplicado em 94 estações da RBMC (Rede Brasileira de Monitoramento Contínuo dos Sistemas GNSS), cujo período de investigação foi de 01/01/2012 a 29/12/2018. As modelagens das séries temporais de coordenadas e a obtenção das velocidades foram executadas no software SARI (Señales y Análisis de Ruido Interactivo) e apresentou-se como um software com grande potencial na modelagem e obtenção de velocidades a partir de séries temporais de coordenadas obtidas com uso do GNSS no Brasil. E também foi percebido que o efeito da sazonalidade nas velocidades das estações GNSS, não influenciou na componente planimétrica das velocidades, ou seja, caso a sazonalidade seja negligenciada na determinação de velocidades de estações do GNSS, isto não trará perdas significativas nos resultados (no Brasil). Seguidamente, foi proposta uma segunda metodologia com intenção de obter um modelo de velocidade para a atualização de coordenadas no Brasil, foi desenvolvida uma metodologia na geração de um modelo de velocidade a partir do interpolador geoestatístico krigagem ordinária, com uso das velocidades de estações obtidas a partir de séries temporais de coordenadas GNSS (metodologia de determinação supracitada). O modelo de velocidade obtido apresentou resultados relevantes na atualização de coordenadas no Brasil. Os valores médios de discrepâncias planimétricas, na atualização de coordenadas, entre os modelos comparados foram 4,4 cm, 1,3 cm, 2,0 cm e 3,0 cm com relação aos modelos GSRM2014 (MMP), ITRF2014 (MMP), VEMOS2009 e VEMOS2017, respectivamente. Isto evidencia a grande semelhança entre o modelo elaborado e o ITRF2014 (MMP). Os resultados foram melhores que o modelo de velocidade VEMOS2017 (Velocity Model of SIRGAS - 2017) e similar aos modelos ITRF2014 (MMP) e ao VEMOS2009. É possível concluir que a krigagem ordinária se mostrou um interpolador com grande potencial na modelagem superficial de velocidades de estações GNSS no Brasil. Por fim, com propósito de avaliar as precisões das coordenadas após o processo de compatibilização de época e de referencial, foi apresentada a terceira metodologia, que objetivou avaliar as precisões das coordenadas após a realização da propagação de incertezas nas mesmas no processo de mudança de referencial e atualização de coordenadas. Com isto, foi possível observar que o processo de compatibilização modificou os valores de precisões das coordenadas, que eram, em média, de 1,8 mm e 0,8 mm nas componentes este (e) e norte (n) no Sistema Geodésico Local (SGL), respectivamente, passassem para 18,5 mm e 20,2 mm nas componentes (e) e (n), respectivamente. Os resultados, após a aplicação dessa metodologia, apresentaram degradação das incertezas das coordenadas, porém, tudo indica que mais realistas. Ou seja, tendo em vista que a propagação das incertezas na compatibilização (época e referencial) normalmente não é considerada em aplicações geodésicas, as precisões das coordenadas são subestimadas. Diante das elucidações das propostas metodológicas e dos resultados obtidos, são percebidas as potencialidades destas aplicações na obtenção de velocidades de estações GNSS, na determinação de modelo de velocidade e na propagação de incertezas no processo de compatibilização de época e de referencial no GNSS. Palavras-chave: GNSS. Séries temporais. Modelo de velocidade. Krigagem. Propagação de incertezas.