A co-digestão anaeróbia de resíduos alimentares e grama configura-se como uma alternativa competitiva para o tratamento da fração orgânica dos resíduos sólidos urbanos, tendo em vista o contexto de insuficiente e quase nula valorização desta fração no Brasil, contrariando a legislação vigente e considerando-se, também, a típica elevada proporção de matéria orgânica nos resíduos em âmbito nacional e internacional. Sob este panorama, o presente artigo buscou avaliar a produção de biogás proveniente da co-digestão de resíduos alimentares e grama esmeralda (Zoysia japonica) em 3 proporções (1:1; 2:1 e 3:1, assumindo como referência 500 ml) em temperatura mesofílica (38ºC) durante 21 dias. Avaliou-se o teor de sólidos presente na massa digerida, comparando-se com a produção de biogás e a redução de matéria orgânica biodegradável. Os resultados foram analisados estatisticamente por meio de uma análise de variância, com um nível de significância de 5%. Concluída a co-digestão, o Tratamento 2 (ou seja, a proporção de 2:1 de grama em relação ao resíduo alimentar) apresentou os melhores resultados no que tange à geração de biogás; isto resultou na produção máxima de biogás, que foi de 1.800 Nml de biogás acumulado ou 33 Nml por grama de sólido volátil (SV). Verificação importante, pois mostra a viabilidade inerente ao uso de resíduos de grama no processo de gestão sustentável dos resíduos sólidos, norteando a proporção ideal a ser utilizada para se obter uma melhor produção de biogás. Os resultados mostram que é oportuna a realização de mais estudos, buscando otimizar ainda mais a produção de biogás, visto que a produção obtida nos ensaios ainda está abaixo do potencial de geração por co-digestão de resíduos alimentares e podas de grama, conforme dados da literatura, que indicam valores da ordem de 500-600 Nml por g.SV. A produção menor de biogás observada no experimento decorre, provavelmente, do acúmulo de ácidos graxos voláteis, que inibe a ocorrência do processo de digestão por completo, tendo em vista que o pH da massa digerida apresentou condições ácidas (pH de 4,07±0,22). Esta constatação é corroborada pela eficiência de remoção orgânica, que se manteve em 51%, em média, para o tratamento em questão, indicando que apenas metade do potencial que poderia ser biometanizado foi, de fato, transformado em biogás.