Introdução: Pacientes com doença renal em estágio terminal (DRET) frequentemente mudam de modalidade de terapia renal substitutiva (TRS) por razões médicas ou sociais. Nosso objetivo foi avaliar desfechos de pacientes em diálise peritoneal (DP) segundo a modalidade anterior de TRS. Métodos: Realizamos estudo retrospectivo observacional unicêntrico, em pacientes prevalentes em DP, de 1º de janeiro de 2010 a 31 de dezembro de 2017, acompanhados por 60 meses ou até saírem de DP. Pacientes foram divididos em três grupos de acordo com a TRS anterior: hemodiálise prévia (HD), transplante renal malsucedido (TR) e DP como primeira opção (PD-first). Resultados: Entre 152 pacientes, 115 eram PD-first, 22 transitaram da HD e 15 de TR malsucedido. Houve tendência à maior ocorrência de falência de ultrafiltração em pacientes em transição da HD (27,3% vs. 9,6% vs. 6,7%; p = 0,07). A função renal residual foi melhor preservada no grupo sem TRS prévia (p < 0,001). Observou-se tendência à maior taxa anual de peritonite no grupo TR prévio (0,70 peritonite/ano por paciente vs. 0,10 vs. 0,21; p = 0,065). Treze pacientes (8,6%) tiveram um evento cardiovascular maior, cinco dos quais haviam sido transferidos de um TR malsucedido (p = 0,004). Não houve diferenças entre PD-first, TR prévio e HD prévia em termos de óbito e sobrevida da técnica (p = 0,195 e p = 0,917, respectivamente) e a eficácia da DP foi adequada em todos os grupos. Conclusões: A DP é uma opção adequada para pacientes com DRET, independentemente da TRS anterior, e deve ser oferecida aos pacientes de acordo com seu status clínico e social e suas preferências.