Rev Bras Cir Cardiovasc 2001; 16(1): 53-7.
INTRODUÇÃOA veia safena foi a grande responsável pelo desenvolvimento da cirurgia de revascularização do miocárdio (CRM) (1) sendo, ainda hoje, o enxerto de escolha na doença coronariana multiarterial. Todavia, sua baixa patência a médio e longo prazo compromete o resultado cirúrgico final (2-4) levando os cirurgiões a pensarem alternativas para solução deste problema. A utilização de enxertos arteriais na CRM iniciou há 30 anos com a artéria torácica interna esquerda, usualmente chamada de artéria torácica interna esquerda (ATIE) (5) que atingiu ótimos resultados a longo prazo (3,(6)(7)(8) e atualmente é considerada padrão ouro neste procedimento (9)(10)(11)(12)(13) . A partir dos benefícios demonstrados com a ATIE, outros enxertos arteriais foram testados com resultados animadores. A vantagem teórica das artérias parece ser o fato de se adaptarem melhor do que a safena às condições hemodinâmicas de aumento de fluxo e pressão sangüínea a que são expostos após a cirurgia. Estas alterações causam na veia hiperplasia intimal precoce levando a posterior aterosclerose e oclusão dos enxertos 3,4,6 . Além disso, enxertos RESUMO: Devido aos baixos índices de permeabilidade dos enxertos de veia safena, a utilização de artérias como enxerto para revascularizar o miocárdio vem sendo muito testada e tem ganho espaço. A revascularização da descendente anterior com a artéria torácica interna esquerda é padrão-ouro neste procedimento e é realizada rotineiramente na maioria dos Serviços do mundo há pelo menos 15 anos. Além disso, existem evidências de que o acréscimo de outro enxerto arterial ao tratamento pode diminuir a morbi-mortalidade tanto intra-hospitalar quanto a longo prazo (10 anos). Na escolha do 2º enxerto, a artéria radial tem se destacado com bons índices de permeabilidade a médio prazo (84-92% comparada com safena: 70-80% em 5 anos). O vasoespasmo, fenômeno inerente aos condutos arteriais, ocorre em 5 a 10% dos enxertos de radial. A nitroglicerina e os nitratos são as drogas mais eficazes no seu controle e os bloqueadores do cálcio não têm benefício clínico comprovado. Na avaliação da circulação do arco palmar para prevenção de isquemia do membro operado, o Teste de Allen tem sido satisfatório. Parece razoável, portanto, sugerir a associação de outro enxerto arterial à artéria torácica esquerda na tentativa de melhorar os resultados da CRM e que este enxerto seja a artéria radial.