Argumento neste texto que uma conformação cognitiva do grupo nos leva a adotar um discurso mais metamemorial do que memorial quando nos referimos às nossas origens, e, sobretudo, quando as reivindicamos. Desenvolvo meus argumentos em três tempos. No primeiro analiso as possíveis causas da conformação cognitiva do grupo. Num segundo tempo, mostro que o conceito de origem é multidimensional filogeneticamente e culturalmente difuso. Disso resulta que a atribuição, reivindicação ou escolha de uma origem é arbitrária. No entanto, a conformação cognitiva do grupo nos leva a buscar origens próximas associadas a identidades contingentes ou imaginárias, ao invés de origens evolucionárias distantes que fundam nossa identidade imanente, favorecendo, portanto, o que é vago nessa noção. Em um terceiro tempo, depois de evocar três modalidades de compartilhamento de memória que não possuem o mesmo grau de plausibilidade - protomemória, memória e metamemória -, sustento que o privilégio concedido a origens associadas a identidades contingentes ou imaginárias induz mais a uma retórica frequentemente metamemorial do que um processo de memória real. Concluindo, observando a importância das metamemórias de origens em todas as sociedades humanas e sua propensão a excluir aqueles que são classificados como não compartilhando uma suposta origem, faço a pergunta sobre os meios que poderiam torná-las mais inclusivas.Palavras-chave: Identidade imanente; identidades contingentes; metamemória; origens; conformação cognitiva grupal; vivo.