Os recursos naturais dos países em desenvolvimento têm má fama, (os diamantes são de sangue e o petróleo são excrementos do diabo) esta parece ser a conclusão mais óbvia e consentânea com os insights produzidos pela abundante literatura sobre maldição de recursos naturais nascida do estudo seminal de Richard Auty. Estudioso que não só pavimentou o caminho seguido pela crescente literatura do resource curse e sua derivada presource curse, como também introduziu uma perspectiva maniqueísta na análise do contributo econômico da exploração de recursos naturais, atualmente vista como benção ou maldição. Pelo itinerário metodológico que partiu da ontologia do realismo crítico e combinou a epistemologia pós-colonial e o método da análise do discurso crítica, procurou-se responder: quais são as relações de poder subjacentes ao discurso de maldição de recursos e, como é que os países africanos reagem aos efeitos da sua reprodução. Concluiu-se apontando a ação de uma “frente académica”, a revisão do quadro institucional, dos contratos comerciais, o surgimento de partidos políticos que reivindicam a nacionalização dos recursos e a emergência de movimentos de ocupação de terras como estratégias de retoma da soberania sobre os recursos e contenção de sua hemorragia.