Resumo:Na avaliação da suscetibilidade a movimentos de vertente, a cartografi a produzida deverá integrar não só as áreas de iniciação do movimento, como também aquelas potencialmente atingidas pelo material mobilizado. Este objetivo é alcançado através da separação da análise da suscetibilidade em duas componentes distintas: (i) a primeira componente, que é também a mais explorada na literatura, corresponde à modelação das áreas de iniciação do movimento; (ii) a segunda componente refere-se à modelação das respetivas áreas de propagação, utilizando, como input, os mapas com a delimitação das potenciais áreas de rutura. Neste trabalho é feita a avaliação da suscetibilidade à ocorrência de fl uxos de detritos na bacia hidrográfi ca do rio Zêzere (Serra da Estrela, Portugal). Para a identifi cação das potenciais áreas de rutura recorreu-se a um método estatístico bivariado (Valor Informativo) e a simulação das áreas afetadas pela passagem e deposição do material transportado foi sustentada por um algoritmo hidrológico simples (D-infi nity downslope infl uence). A área abaixo da curva (AUC), determinada no âmbito da validação dos modelos de Valor Informativo, apresenta valores compreendidos entre 0,94 e 0,96, o que indica uma excelente capacidade preditiva. As variáveis preditivas com maior relevância na ocorrência de áreas de rutura de fl uxos de detritos correspondem às áreas ardidas em 2005, declives superiores a 30°, espessura do solo inferior a 75 cm e perfi l transversal côncavo. Na validação do modelo de propagação do material mobilizado, a partir das 36 áreas de rutura que constituem o inventário de movimentos, obteve-se uma taxa de verdadeiros positivos de 80,5%, o que refl ete um bom desempenho do modelo.