O Brasil é um dos líderes em produção de têxteis e confeccionados, mas não apresenta atividade significativa na reciclagem desses produtos. Segundo dados da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), o país descarta, anualmente, mais de 4 milhões de toneladas de resíduos têxteis. O impacto ambiental e social resultante dessa prática é uma forma de racismo ambiental, já que o resíduo têxtil acumulado nos lixões e aterros sanitários provoca tragédias que afetam as populações vulnerabilizadas, predominantemente, pretas e pardas, que vivem em áreas de risco com pouco ou nenhum acesso a saneamento básico. A adoção de abordagens de economia circular pode ajudar a reduzir o descarte irregular desse material e promover inovação localmente. Nesse sentido, este artigo situa a questão dos resíduos têxteis sob a perspectiva do racismo ambiental, tecendo articulações para imaginar cenários, baseados em estratégias de circularidade, que minimizem esse descarte, e também, considere formas de reparar as comunidades prejudicadas