Introdução: com a ocorrência da chamada feminização do HIV, tornou-se comum mulheres descobrirem a infecção pelo vírus do HIV no pré-natal em virtude do rastreamento. Entender como tal grupo de gestantes lida com o processo de gestação e de maternidade em relação a grupos de outros fatores de risco é pertinente. Objetivo: realizar uma análise epidemiológica, da percepção e expectativa das gestantes portadoras do HIV em relação ao filho, de questões relacionadas ao autocuidado antes e durante a gestação, comparando com gestantes que apresentam gestação de alto risco, mas soronegativas. Método: foi realizado um estudo qualitativo que entrevistou aleatoriamente 22 gestantes, 10 soropositivas e 12 soronegativas e questionou sobre suas perspectivas em relação à gestação; além da avalição do perfil epidemiológico dessa população. Resultados: as gestantes apresentam um perfil epidemiológico similar ao âmbito nacional. Ambos os grupos apresentam sentimentos comuns em relação ao processo gestacional, parto, e conhecimento sobre transmissão vertical. Entretanto, gestantes soropositivas passam por algumas dificuldades, tanto emocionais, quanto sociais, e preocupações diferentes de gestantes soronegativas. O fato de estar presente a infecção pelo vírus do HIV, durante a gestação, trouxe uma série de temores, como a da transmissão vertical, malformações, julgamento social de estar perpetuando a doença, além da impossibilidade de amamentar. Em contraponto, foi possível perceber que todos esses conflitos que, em um primeiro momento, são desesperadores, podem se tornar motivos de superação, de maior cuidado com a saúde e maior planejamento, se as mães infectadas pelo vírus do HIV tiverem o acompanhamento correto. Conclusão: é essencial a existência de uma equipe multidisciplinar preparada para lidar com os conflitos das gestantes, além de educá-las quanto às formas de transmissão vertical. Em especial no grupo soropositivo, o apoio psicológico quanto ao medo de transmissão vertical e ao processo de confrontar o fato de não poder amamentar faz necessário, pois isso estabelece uma confiança mútua, tanto da paciente em relação a equipe de saúde, quanto da equipe em relação à paciente, algo que é central para a saúde da mãe e do bebê.