"Conquistar a terra, dominar a água, sujeitar a floresta": Getúlio Vargas e a revista "Cultura Política" redescobrem a Amazônia (1940-1941)

Abstract

O artigo analisa a Amazônia no pensamento social do Estado Novo (1937-1945), quando acontecimentos e projetos governamentais, como a "Marcha para o Oeste" e o "Discurso do rio Amazonas", representaram uma maior atenção do poder central à região. A partir de 1941, artigos sobre a Amazônia foram publicados no periódico "Cultura Política", produzido pelo Departamento de Imprensa e Propaganda, sendo um dos principais meios de divulgação do pensamento social do Estado Novo. Conceitos de Euclides da Cunha, Alberto Rangel e Alfredo Ladislau sobre clima, raça e civilização foram apropriados para a produção destes textos com o objetivo de construir um ideário capitaneado pelo Estado. Desta forma, nossa análise aponta continuidades e descontinuidades entre a produção literária da Primeira República e o ideário oficial formulado pela ditadura de Getúlio Vargas.

História das Américas : apontamentos iniciais de ensino e pesquisas

“…A partir de narrativas de conquistadores (UGARtE, 2003) que afirmavam adentrar num paraíso terreal (dA SilvEiRA coStA, 2001), colonizadores cartografaram a região desde o século xvi (SAFiER, 2009;RABElo, 2015), criando-se um verdadeiro "emblema do Novo Mundo" (iANNi, 2001, p. 24), pautados na busca pelo eldorado escondido (HolANdA, 1969), o que subsidiou imaginários fantásticos da vastidão de riquezas naturais, aspectos exaltados no bojo de projetos de construção nacional e consolidação da fronteira norte durante a formação do Estado imperial (NUNES, 2012), bem como fomentou imagens de um Brasil que justificavam a integração nacional promovida pelo Estado Novo (ANdRAdE; HocHMAN, 2007;FERREiRA, 2009;ANdRAdE, 2010). todos estes procedimentos, conforme ressaltou Arthur cezar Ferreira Reis, cristalizaram um conceito de Amazônia como um artefato constituidor da brasilidade e elemento primordial de sua integridade (REiS, 2001).…”

Trajetórias profissionais e instituições científicas na Era Vargas

“…Inúmeras representações foram forjadas pela elite intelectual que estava vinculada aos planos nacionalistas do governo interventor e por meio dela procuraram retratar e explicar as razões que teriam impedido o desenvolvimento socioeconômico da região durante séculos. Andrade (2010), analisando a produção literária acerca da região amazônica no contexto da ditadura varguista, conseguiu identificar a influência intelectual que alguns escritores brasileiros tiveram na configuração do imaginário político e ideológico do novo regime. Para o autor, os escritos de Euclides da Cunha (1866-1909), Alberto Rangel (1871-1945 e Alfredo Ladislau transcenderam os limites do seu contexto de produção.…”

“…Para os três autores, a natureza circundante exercia um papel totalizante e determinante na vida dos grupos humanos que habitavam essa região. Nesse sentido, a natureza apresentaria uma dualidade esquizofrênica, pois, ao mesmo tempo que oferece o sustento de que carece o homem para garantir a sua sobrevivência, por outro lado, criava obstáculos quase intransponíveis para viabilizar a colonização da região (Andrade, 2010).…”

A TVA to the Amazon forest? Shaping experts for development

“…2 The Estado Novo dictatorial regime (1937)(1938)(1939)(1940)(1941)(1942)(1943)(1944)(1945) understood that the main Diálogos Latinoamericanos 30 (2021) Número Monográfico DL 2 drivers for improving the region were sanitation and colonization (Andrade/Hochman, 2007). During Getulio Vargas's dictatorship, the Brazilian Amazon was seen as a place that would meet its fortune through state intervention bringing occupation and rational exploration to its wilderness (Andrade, 2010). As stated by Garfield (2013), this was a period of intense exchange between Brazilian and American professionals, and this resulted in improvements in local sanitary and scientific structures as well as in knowledge of nature and Amazonian peoples.…”