Resumo Introdução: Introduzido nas interpretações sobre as perspectivas de expansão da epidemia de HIV/aids na década de 1990, o conceito de vulnerabilidade procura articular a dimensão individual de vulnerabilidade ao HIV aos contextos sociais e programáticos, muitas vezes marcados pela desigualdade e injustiça social. Objetivo: Analisar os usos da concepção multifatorial (individual, social, programática) da vulnerabilidade nos estudos sobre mulheres e HIV/aids, de 1990 a 2018, publicados no Scielo. Método: A partir da revisão de escopo da literatura nacional, 39 estudos selecionados foram classificados quanto ao uso do conceito de vulnerabilidade em: uso consistente, parcial ou inconsistente. Resultados: Os principais aspectos associados à vulnerabilidade das mulheres à aids foram: dificuldade de negociação do uso do preservativo, dimensão social e simbólica do casamento e da maternidade, significados diferenciados da sexualidade entre os gêneros e fragilidade dos direitos sexuais e reprodutivos. Observou-se lacunas quanto à articulação dos três componentes do conceito e a escassez de avaliações de intervenções orientadas pelo referencial da vulnerabilidade. Conclusão: Os achados indicam o potencial de contribuição do conceito na análise da sindemia entre HIV, desigualdades sociais, raciais, de gênero e demais problemas de saúde, como a pandemia de Covid-19.