Este artigo analisa dois livros de literatura infantil - Faca sem ponta, galinha sem pé, de Ruth Rocha e Sofia Pimenta, Futura Presidenta de Andrea Beaty, com o objetivo de problematizar como funciona as narrativas desses livros de literatura no que se refere às suas produções generificadas, procurando dar foco às resistências neles visibilizadas através das personagens principais. Com base nas contribuições pós-críticas, o artigo se fundamentou na concepção de currículo cultural não escolar, mobilizando metodologicamente inspirações de análise do discurso foucaultiana. O argumento desenvolvido aqui é o de que as narrativas do currículo dos livros analisados colocam em evidência personagens femininas que tensionam as normas de gênero, fazendo emergir saberes de resistência para criação de possíveis outros no mundo imaginário, mas que têm efeitos naquilo que chamamos realidade, pois disputam sentidos e significados sobre ele.