Na história evolutiva da sociedade, o conceito de adolescência é relativamente novo, visto que, nas sociedades primitivas, a esperança de vida era curta e a manutenção da espécie só era possível aproveitando-se precocemente a fecundidade. Nesta etapa, as mulheres iniciavam vida sexual após a menarca e os homens tão logo despertasse o instinto sexual e a capacidade de fecundar. Do ponto de vista evolutivo, a sociedade incorporou profundas modificações socioculturais, que incluem a questão da fecundidade precoce 1 .A fecundidade na adolescência tem sido objeto de estudos que têm constatado que 1/3 da população mundial, constituída de adolescentes, embora ainda esteja em fase de crescimento e desenvolvimento, vem participando efetivamente no aumento das taxas de fecundidade e mortalidade materna e infantil [1][2][3] . No Brasil, a Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde (DHS) de 1996 revelou que, nos últimos 10 anos, a fecundidade diminuiu em todas as faixas etárias, em torno de 30%, com exceção da faixa adolescente 4 . Pesquisas complementares informam que, embora esta ocorrência seja freqüente em todos os níveis sociais, a maior incidên-cia ocorre nas populações de baixa renda [5][6][7] .No que diz respeito à iniciação sexual, pesquisas realizadas na América Latina têm verificado que mulheres com baixa escolaridade iniciam relacionamentos sexuais mais precocemente em relação às de maior escolaridade 8 . Adolescentes sem suporte emocional, seja pela presença de conflitos na família ou ausência dos pais, apresentam poucos planos e expectativas quanto à escolaridade e profissionalismo. Em contrapartida, nas famílias onde os relacionamentos são mais estáveis e as questões da sexualidade abordadas de forma simples e explicativa, os adolescentes mostram-se menos susceptíveis a riscos 9,10 . A pesquisa mundial de fecundidade realizada na Ásia e na América do Sul, demonstrou que, embora o matrimônio esteja ocorrendo entre 22 a 24 anos, a atividade sexual em idade precoce encontra-se em ascensão, o que torna a faixa adolescente mais exposta à gestação precoce 1,10 Apesar de não se poder generalizar sobre fecundidade e conduta sexual de adolescentes, os fatores relacionados à gestação precoce têm sido discutidos, apontando múltiplas interferências como a ocorrência da menarca e iniciação sexual precoce, associada ao desconhecimento e pouco uso da contracepção, assim como mudanças socioculturais e o processo de urbanização acelerado, ocorridos nas últimas quatro décadas. Entretanto, ressalta-se o importante papel do desconhecimento de adolescentes sobre sexualidade e saúde reprodutiva, seja por falta de orientação da família, da escola ou do serviço de saúde 11,13,15 .Em relação às conseqüências da fecundidade na adolescência, tanto os aspectos biológicos e psicológicos, como o alto custo social têm sido pesquisados. Entre as conseqüên-Veja artigo relacionado na página 107