Resumo A cadeia de valor da castanha-do-brasil, que envolve mais de 60 mil famílias de agricultores indígenas e tradicionais, é gerida por mais de 100 organizações do terceiro setor que atuam basicamente no beneficiamento primário. Apesar de ser o principal produto florestal extrativista da Amazônia, sua cadeia de valor segue associada às relações de trabalho pré-capitalistas e monopsônios regionais e vem perdendo espaço para o paradigma agropecuário, defendido pela maioria dos planejadores e agentes econômicos da região. O objetivo geral deste estudo é investigar se o novo modelo das agroindústrias cooperativadas está contribuindo para o surgimento de um novo paradigma extrativista para a região. Na análise de inovações e descobertas sobre a cadeia de valor, as cooperativas agroindustriais mostram sinais de uma lógica de trabalho coletivo que pode reverter a subordinação do trabalho ao capital. A cadeia de valor é composta por cinco elos: floresta, comunidade, beneficiamento primário e secundário e mercado. As agroindústrias cooperativas do Amazonas mostram uma emancipação do sistema de aviamento e a ascensão de seus agentes sociais como protagonistas locais. A gestão coletiva desses empreendimentos tende a convergir para o novo paradigma extrativista na Amazônia.