Esta tese foi desenvolvida numa altura em que a formulação de modelos de trabalho “de futuro” se intensifica, decretando a necessidade de operar um “corte”, através da tecnologia, com os modos atuais de fazer o trabalho. A investigação procurou introduzir neste debate um outro ponto de vista : o da atividade, de quem vive as transformações em contextos concretos. Na articulação de dois estudos, um no contexto da conceção dos futuros veículos automatizados e outro na indústria corticeira, a tese procurou evidenciar os modos como a experiência revela critérios passíveis de instanciar a (re)conceção das situações de trabalho. O primeiro estudo demonstra o modo como a conceção dos veículos automatizados convoca a consideração de questões que ultrapassam uma dimensão tecnológica. Por sua vez, o segundo estudo evidencia como os modos automatizados da produção “vivem” do património transpessoal de cada meio profissional, mas não sem que isto deixe de comportar custos para a preservação de si e para a sustentabilidade dos saberes. Estes resultados instigam uma reflexão sobre a renovação dos desafios éticos, epistemológicos e políticos na ação do psicólogo do trabalho.