A educação é um dos principais alvos da corrupção nos municípios brasileiros. Falhas nos mecanismos institucionais de controle da Administração Pública permitem que a corrupção municipal se multiplique, forçando a sociedade civil organizada a se mobilizar. Desde meados dos anos 2000, uma estratégia de monitoramento do setor público pela sociedade civil, que utiliza observatórios sociais para fiscalizar as licitações e condutas das prefeituras e secretarias municipais, foi implantada em centenas de municípios. Apesar disso, há dúvidas sobre a efetividade dessa modalidade de controle social, devido à escassez de estudos sobre seus efeitos, especialmente na educação municipal brasileira, onde não existem pesquisas dessa natureza. A literatura internacional mostra que desvios ilícitos e/ou graves ineficiências na gestão dos recursos da educação pública enfraquecem a relação entre o gasto governamental e o acesso da população aos serviços educacionais; de modo que coeficientes estatisticamente nulos, ou positivos, mas próximos de zero, para esta relação, representam sinais de corrupção ou graves ineficiências. Com base nisso, esta pesquisa avalia a existência de indícios de corrupção/ineficiências na gestão da educação municipal, analisando se a ação dos observatórios sociais é capaz de mitigá-los. A partir de um desenho metodológico que utiliza dados em painel e o método generalizado de momentos para estimar estes coeficientes nos períodos pré e pós-intervenção, comparando-os aos de um grupo de controle selecionado por pareamento por escore de propensão, encontramos evidências que sugerem que os observatórios sociais são efetivos no combate à corrupção, ineficiências administrativas e comportamentos oportunistas na gestão da educação municipal.Parte superior do formulário