Objetivo: Estudar o comportamento da refração e da curvatura corneana em pacientes com esotropia essencial submetidos à cirurgia monocular para correção do estrabismo. Métodos: Estudo prospectivo em que 42 olhos de 21 pacientes com esotropia essencial de ângulo moderado, sem quaisquer outros estrabismos associados, foram selecionados e submetidos ao exame oftalmológico completo e à cirurgia monocular. O olho contralateral serviu como grupo controle. Foram feitas avaliações de pré-operatório, pós-operatório de 1 mês e pós-operatório de 6 meses. O astigmatismo pré-operatório foi confrontado com os astigmatismos pós-operatórios por análise vetorial e cálculo do valor polar. Resultados: Obtivemos, nos olhos operados, redução significante (p<0,05) na médio do equivalente esférico, de 3,28 ±1,98 dioptrias para 3,05 ± 1,95 dioptrias. Na refração houve um aumento significante da média do componente a 90° do astigmatismo, de 0,458 ± 0,594 dioptrias para 1,002 ± 0,718 dioptrias, também observado na ceratometria: 1,083 ± 0,560 dioptrias para 1,690 ± 0,591 dioptrias. A média do astigmatismo induzido pela cirurgia, na refração, foi de 0,63 ± 0,27 dioptrias a um eixo médio de 92,30 ± 14,91 graus e de 0,71 ± 0,27 dioptrias a um eixo médio de 94,45 ± 15,69 graus na ceratometria, evidenciáveis graficamente pelo mapa diferencial da topografia corneana. Conclusões: Observa-se aumento estatisticamente significante e clinicamente relevante do astigmatismo a-favor-da-regra em pacientes esotrópicos submetidos ao retrocesso/ ressecção monocular. Essa mudança é estável ao longo do tempo e é acompanhada de diminuição significante do equivalente esférico.
Refractive changes following surgery for correction of esotropia
INTRODUÇÃOA avaliação dos erros refracionais e sua adequada correção são fundamentais no tratamento clínico e cirúrgico do estrabismo. Partindo de uma forte impressão clínica de que pacientes submetidos à cirurgia de estrabismo apresentavam alteração na magnitude e no eixo do astigmatismo, realizamos pesquisa na literatura sobre eventuais mudanças refracionais e na curvatura corneana presentes em tais pacientes. São poucas as menções encontradas e há certa variação nos resultados, o que não nos permitiu traçar conclusões a respeito. Thompson e Reinecke (1) usando retinoscopia dinâmica, concluíram que há um aumento no astigmatismo em pacientes operados de retrocesso/reseccção, que, no entanto, desaparece 2 a 4 meses após a cirurgia. Preslan et al. (2) , estudando uma miscelânea de casos de estrabismo, encontraram um incremento muito discreto (0,15 dioptria) no astigmatismo a-favor-da-regra, mantendo-se inalterado o equivalente esfé-