A pessoa que busca por um atendimento em psicologia tenciona diminuir algum sofrimento psíquico que esteja passando. Ultimamente, com a força das redes sociais mostrando relatos autobiográficos de autistas adultos, houve identificação de muitas pessoas que passaram a se questionar se eram autistas diante do intenso sofrimento vivido ao longo da vida. A categorização diagnóstica do Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) vem sendo discutida de forma mais consistente a partir da publicação do DSM-5, em 2013, quando quadros clínicos infantis relacionados ao neurodesenvolvimento foram entendidos como um continuum. Com isso, abriu-se uma ampla discussão acerca do psicodiagnóstico em adultos. O presente trabalho visa compartilhar a experiência clínica da primeira autora em encontros dialógicos com adultos que suspeitavam serem autistas e buscavam um diagnóstico. A investigação clínica seguiu o método fenomenológico, que valoriza as vivências como fenômenos que podem revelar a estrutura constitutiva da pessoa; e a abordagem humanista de encontros relacionais em que se prioriza a dialogicidade para se aproximar do fenômeno investigado. Para tanto, iniciou-se um processo de avaliação psicológica compreensiva, colaborativa e interventiva para atender a dois interesses principais: a construção e refinamento de um raciocínio clínico e a ampliação do conhecimento de si por parte da pessoa atendida. Na experiência clínica, nota-se a possibilidade da (re)constituição e (res)significação de si para além do diagnóstico. Mais do que oferecer o diagnóstico, espera-se proporcionar uma atenção psicológica clínica eticamente condizente com a singularidade da experiência subjetiva.