INTRODUÇÃO: A Esquizofrenia é transtorno psiquiátrico crônico grave que acarreta importantes déficits psicológicos, sociais e vocacionais. Os antipsicóticos clássicos são amplamente usados como tratamento, mas comumente produzem respostas incompletas, toxicidade e efeitos extrapiramidais. A clozapina foi importante aquisição na terapia antipsicótica. Mostrou-se com eficácia legítima em 30-61% das psicoses e baixa incidência de efeitos adversos. MÉTODOS: Relato da experiência clínica de 56 pacientes com Esquizofrenia Refratária incluídos no programa de fornecimento gratuito da clozapina pela Secretaria da Saúde e do Meio Ambiente do Estado do Rio Grande do Sul em convênio com o Hospital de Clínicas de Porto Alegre. RESULTADOS: A média dos escores da Brief Psychiatric Rating Scale (BPRS) foi inicialmente 77,9 (DP=16,1) e, após noventa e três meses de tratamento, 41,1 (DP=16,2). Dois pacientes abandonaram o programa e um foi excluído por agranulocitose. Houve quatro internações. DISCUSSÃO: Apesar de sua comprovada eficácia e aplicabilidade, a clozapina não está livre de efeitos adversos: hipotensão ortostática, taquicardia, visão turva, xerostomia, hipersalivação, constipação e sedação são comuns. As alterações hematológicas ocorrem em 0,05 a 2,8% dos casos. Ainda, o alto custo restringe seu uso. CONCLUSÕES: Houve melhora significativa e mantida dos pacientes que participaram do programa. Doenças com maior tempo de evolução obtiveram menor resposta, provavelmente relacionada a alterações neurofisiológicas e neuroquímicas. Vale ressaltar a importância do início precoce do tratamento e a necessidade da participação do Estado, no sentido de oferecer suporte psicossocial e financeiro para a otimização do tratamento desses pacientes.