A capa da revista Women’s Health de julho/agosto de 2020, com a influenciadora digital portuguesa Helena Coelho, foi partilhada nas redes sociais e teve atenção mediática (e.g., Durães, 2020), tendo sido inclusive alvo de um episódio de humor na rubrica Extremamente Desagradável (2020). Com isto, tendo em conta a força das dinâmicas transmédia (e.g., Andrade, 2020), da navegação dos conteúdos além do seu meio de publicação, este trabalho procurou perceber que sentidos e discursos a capa e o episódio da rubrica produziram e produzem e discuti-los criticamente. Num estudo de caráter exploratório, procedeu-se à análise sociossemiótica da capa e à Análise Crítica do Discurso daquele episódio sobre a capa, com um olhar interseccional. Alguns dos resultados detetados foram: a centralização da capa em Helena Coelho, numa aparência física atlética e com feedback facial sorridente e demonstrador de confiança, suportado pelas chamadas de capa no mesmo sentido; o episódio põe em evidência tendências objetificadoras e auto-objetificadoras (e.g., Bernard et al., 2018; Cohen et al., 2018) e o seu privilégio associado ao estatuto enquanto celebridade; e a deslegitimação do humor sobre a capa da influenciadora e ditos e não ditos em torno da mesma capa.