A pandemia da Covid-19 impactou modos de vida em todo o globo, a exemplo do isolamento social, que convocou reconfigurações nos tempos livres dos indivíduos, assim como restrições aos usos dos espaços públicos e à convivência com outras pessoas. Realidade novamente reconfigurada ao fim do isolamento social e após o processo de vacinação. É nesse sentido, que o presente manuscrito busca compreender a vivência das temporalidades livres no uso dos espaços públicos após o acesso à vacinação contra a Covid-19. Para isso, este estudo de caráter quanti-quali contou com uma abordagem multimétodos. Num primeiro momento, ocorreu a partir da aplicação de questionários online e presenciais a 483 participantes em bairros de duas cidades do Nordeste brasileiro. Em seguida, os dados foram analisados com o auxílio dos programas Statistical Package for Social Sciences (SPSS) 23.0 e Iramuteq. Na segunda etapa, foi realizada uma intervenção comunitária, com ações artísticas e mutirões sócio-ambientais. Os resultados nos apontam que, após a vacinação, os usos dos espaços públicos nos tempos livres têm se configurado enquanto possibilidades que convocam sensações de agradabilidade e sociabilidade, tornando-se lugares de afeto, onde se pode viver o ócio, o lazer, o compartilhar momentos e sentimentos com outras pessoas, em que se entrelaçam a sensação de esperança, de segurança e saúde, em decorrência da vacinação contra a Covid-19.