Resumo: A pandemia do novo coronavírus repercutiu em diversos aspectos na vida da população, não apenas em função da ameaça iminente de adoecimento, mas também em função das alterações na rotina de vida. Este estudo objetivou caracterizar o perfil de pessoas que buscaram atendimentos com queixas de saúde mental e as demandas mais prevalentes que emergiram após o início da pandemia da covid-19. Trata-se de uma pesquisa de abordagem quantitativa, exploratório-descritiva com recorte transversal que descreveu o perfil de pessoas que buscaram atendimento psicológico ou psiquiátrico em um plano de saúde privado na região sul do país, identificou as queixas mais prevalentes no período entre os meses de abril a dezembro de 2020 e verificou se as pessoas relacionavam ou não estas queixas com a vivência da pandemia. Foram analisados dados de 890 prontuários médicos através do programa computacional IBM SPSS Statistics v.20.0. Resultou que o perfil dos(as) pacientes que demandaram atendimentos de saúde mental foi composto na 42,3% por pessoas adultas jovens, 58,4% pessoas do sexo feminino, 60,3% fizeram busca direta, 52,5% com histórico prévio de tratamento de saúde mental, 79,1% não apresentaram comorbidades clínicas e 70% correlacionam suas queixas com a pandemia. As queixas mais prevalentes estão relacionadas 83,2% a sintomas depressivos e 79,8% ansiedade e oscilações de humor. Como conclusão, os achados deste estudo apontaram que ser mulher, jovem e ter histórico de tratamento em saúde mental representam fatores de risco para o adoecimento psíquico, em especial para sintomas depressivos e ansiosos, mas não são fatores excludentes, apontando para os graves efeitos que a pandemia trouxe à saúde em geral da população.