A parentalidade constitui um objetivo muito valorizado, quer para os indivíduos, quer socialmente. Para casais com infertilidade este objetivo pode implicar tratamentos de infertilidade, alguns deles com recurso a gâmetas de dador. Para estes últimos, surge uma preocupação adicional: revelar à criança a origem da sua conceção ou manter segredo. Em Portugal a investigação relativa a este tema é escassa.A presente investigação pretendeu desenvolver e estudar a validade facial do Questionário de Motivações para Revelar/Não Revelar a Parentalidade não Genética por Doação de Gâmetas (QMRDG), o qual se destina a avaliar as principais motivações que influenciam o processo de tomada de decisão dos pais que recorrem a gâmetas de dador relativamente a contar ou não contar ao/à seu/sua filho/a a origem da sua conceção.Estudo exploratório conduzido numa amostra de 21 participantes, com idades entre os 30 e os 39 anos, que realizaram tratamento de infertilidade com recurso a gâmetas de dador e se tornaram pais. Os participantes preencheram um conjunto de questionários numa plataforma online.O QMRDG revelou possuir validade facial não tendo sido apontada a existência de itens ambíguos ou de difícil compreensão. Os dados obtidos indicam que a maioria dos pais ainda não contou ao/à seu/sua filho/a sua origem genética devido ao facto de a criança ser ainda muito pequena, encontrando-se estes com intenção de revelar à criança. Dos pais que já contaram, as motivações que mais influenciaram a decisão basearam-se na falta de motivos para omitir, na importância dada à honestidade, no direito do conhecimento das origens genéticas e na transparência no seio familiar. Face às motivações para não contar, das que mais influenciaram os pais salienta-se a pouca importância dada à genética.O QMRDG parece constituir um instrumento útil na prática clínica e na investigação com pessoas que estejam a realizar tratamentos de infertilidade com recurso a gâmetas de dador. No presente estudo, a tendência indicada pelos pais foi a de contar ao/à seu/sua filho/a a origem da sua conceção.