Este artigo trata da participação da infância no contexto brasileiro a partir de duas pesquisas que abrangeram as formas de atuação das crianças no cenário nacional amplo e no espaço de uma escola pública situada em área periférica da cidade do Rio de Janeiro. Inicialmente, analisamos os conceitos de participação, infância e política, tendo como base o campo das ciências sociais e humanas. Em seguida, apresentamos a pesquisa que procurou construir um cenário das formas de participação no contexto brasileiro e a outra que mostra a atuação das crianças em seu espaço escolar. Destaca-se que as ações propostas que têm as crianças como atores trouxeram importantes elementos para refletir o tema da participação política. Ao indagar, na perspectiva das crianças, sobre o que é ser estudante de uma escola pública no Brasil, buscamos entender quais caminhos o desempenho e/ou a construção desse ofício abre para a participação. O ofício de estudante, que na nossa sociedade faz-se obrigatório, carrega uma dimensão geracional, uma vez que se trata de um papel que os mais velhos designam e esperam que as crianças desempenhem socialmente. Nesse embate, acordos e desacordos, consensos e dissensos são postos em cena, possibilitando (ou não) a ação desses indivíduos.