A infância é considerada o período de maiores modificações no nível de maturação cerebral de desenvolvimento, marcado por constantes modificações biológicas e psicossociais, com importantes aquisições nos domínios motor, afetivo-social e cognitivo. Apesar dos potenciais benefícios do tempo de mídia, o uso excessivo ou inadequado da tecnologia tem sido associado a um impacto negativo no desenvolvimento e na saúde das crianças. O presente estudo investigou o impacto do uso excessivo de telas no desenvolvimento neuropsicomotor de crianças. Foi realizada uma revisão sistemática, de caráter qualitativo e descritivo. Para a realização da formulação da questão de pesquisa, foi utilizada a estratégia de pesquisa PICo, seguindo como pergunta norteadora: Para crianças menores de 5 anos (P), o uso excessivo de telas (I) tem efeitos positivos ou negativos em seu desenvolvimento neuropsicomotor (Co)?. Foram usadas as bases de dados U.S. National Library of Medicine (PubMed), Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e Cochrane Library com os descritores “Crianças", “Tempo de Tela” e “Desenvolvimento Infantil”. Entre os 2864 identificados na pesquisa inicial nas bases de dados, 17 estudos foram incluídos em síntese qualitativa. A partir dos resultados, verificou-se que experiências recebidas durante a primeira infância são decisivas para o desenvolvimento completo das capacidades das crianças, já que é um período de intensa plasticidade cerebral. Tempo de sono adequado, alimentação saudável, atividade física e tempo de tela são fatores que influenciam diretamente o desenvolvimento neuropsicológico e podem alterar a função cognitiva. Observou-se que tempo excessivo de tela foi significativamente associado com atraso no desenvolvimento, em particular, nos domínios de aquisição de linguagem e comunicação, ademais, as possíveis alterações variam de acordo com a idade de início à exposição.